4/03/2016 - Quando a árbitra Ruthyanna Medeiros Camila
da Silva trilou o apito pela primeira vez, na noite dessa quarta-feira, na
partida entre Botafogo-PB e São Francisco-BA pela Copa do Brasil de Futebol
Feminino, ela iniciou duas histórias: uma que se resolveria em 90 minutos e
outra que passou a ficar na eternidade. Isso porque aquele sopro de esperança
para dois times que se enfrentavam no Estádio Almeidão, em João Pessoa, também
era o som de esperança para muitas mulheres que buscam espaço no futebol.
Ruthyanna, aos 21 anos de idade, foi a primeira árbitra da Paraíba a comandar
um jogo organizado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
O momento histórico, por sinal, não parou por aí.
Além da estreia de uma árbitra no futebol do estado, essa também foi a primeira
vez que um trio paraibano de arbitragem, formado apenas por mulheres, foi
colocado à disposição para uma partida de futebol em qualquer categoria. A
experiente Adriana Basílio (CBF-1), de 38 anos, e a também estreante em jogos
CBF, Flavia Renally Costa (CBF-3), de 24 anos, foram as auxiliares do duelo
vencido pelo São Francisco-BA por 1 a 0.
- A partida foi muito bem disputada, como eu já
esperava. Sei que dei o meu melhor e isso é o que importa para mim. Essa
estreia significa um grande passo para a arbitragem paraibana, pois isso vai
abrir as portas para que outras mulheres possam chegar a esse patamar também.
Espero que incentive as mulheres. O fato de termos um trio agora só de mulheres
engradece o futebol do estado para que mais mulheres possam se interessar na
arbitragem. Nós treinamos e estudamos igual aos homens – analisou a árbitra.
Ruthyanna nasceu em 1995, em Natal, no Rio Grande
do Norte, mas aos oito anos foi morar em Várzea, no Seridó paraibano. Aos 15 se
mudou para Patos para estudar e acabou fixando residência até hoje na Morada do
Sol. Amante do futebol desde pequena, foi justamente na terra de Nairon Barreto
que Ruthyanna, aos 17 anos de idade, ingressou na Liga Patoense de Futebol. Em
2014, aproveitou um curso de arbitragem realizado no Sertão pela Federação Paraibana
de Futebol (FPF) e se formou como árbitra.
- Meu gosto pela arbitragem teve muita influência do meu marido Julio César,
que trabalha atualmente como auxiliar no quadro local. Tive minhas primeiras
oportunidades com a Liga Patoense. Um dia eu acompanhei meu marido em uma
partida de um campeonato local e o árbitro dessa partida faltou. E fui eu que
trabalhei em seu lugar. Depois disso nunca mais deixei a arbitragem. Tive a
chance de fazer um curso de arbitragem aqui em Patos. Antes os cursos da FPF eram
apenas em João Pessoa, mas Miguel Félix (presidente da Comissão de Arbitragem
da Paraíba em 2014) organizou um aqui no Sertão e eu fiz. Me formei e no ano
passado fui indicada para entrar no quadro nacional para o futebol feminino.
Agora quero me aprimorar cada vez mais e honrar essa confiança que a atual
comissão tem em mim – comentou Ruthyanna.Bastante jovem, Ruthyanna, que é estudante de Educação Física e Medicina Veterinária, tem vários sonhos a perseguir ainda na arbitragem. Um deles é conseguir ficar apta para apitar jogos também do futebol profissional masculino, tanto no Campeonato Paraibano, quanto nas competições nacionais. Para isso, ela precisa passar nos testes físicos que a CBF realiza nos mesmos padrões da Fifa. Como as provas exigem preparo e nível físico semelhante a de atletas de alto rendimento do futebol mundial masculino, a dificuldade para as mulheres atingirem a aprovação é flagrante.
FONTE – BLOG DIÁRIO DO SERTÃO
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